De alguma forma hoje, eu fui pro Japão.
Na verdade, há uns 2 ou 3 meses eu tenho ido pra lá.
Sou neta de japoneses, meus avós cruzaram o oceano a bordo de um navio, fugindo da guerra, vieram com seus irmãos e desembarcaram em São Paulo, junto com milhares de outros japoneses, e começaram uma “nova”vida, o trabalho era duro, é difícil começar a vida em outro país, e todo sacrifício, assim como todos os ganhos eram divididos entre todos irmãos, que juntam cruzaram o oceano.
Vencidos pelo cansaço e pela pobreza, se viram obrigados a tentar de outra forma, bons agricultores, foram parar no cultivo de flores e plantas, se uniram aos holandeses, tiveram 13 ou 14 filhos e os sustaram através das flores.
Hanna = flor, é assim que meu marido me chama minha “Hanna”, que significa, minha Flor.
Meus pais se separaram logo que eu nasci, o contato com minha família japonesa é zero, e tudo que sei sobre eles, é o que escrevi no parágrafo anterior. Sempre tive uma certa curiosidade em conhecer o Japão e me aproximar dessa cultura, mas o Japão na verdade nunca esteve realmente lá no meu ranking de países para conhecer.
Até que eu conheci a Hanna, nome dado a ela, porque seus pais tinham uma amiga japonesa com esse nome. Hanna, portanto, sempre sonhou em conhecer o Japão. Com um pedido de visto em mãos, ela chegou até mim, através de uma consulta de astrocartografia, com o desejo de talvez compreender, porque o Japão? Devo mesmo ir? Vou sozinha? Quanto tempo fico? O que vou encontrar lá?
Nesse dia eu comecei a visitar o Japão, quais cidades você vai? E lá ia eu através do mapa buscar cada cidade… E identificar para Hanna, o que cada lugar desse país iria proporcionar para ela. Uma vênus ascendente.
No último mês, em uma oficina de astrocartografia, fomos nós – astrólogas, percorrer nosso mapa, buscando linhas ancestrais – nodo norte, plutão, lua, saturno… A base de estudos era Elizabeth Gilbert, do famoso comer, rezar e amar. Esse livro estourou quando eu estava indo fazer meu primeiro intercâmbio, e morando lá estreou o filme e eu logo comprei seu segundo livro “committed”.
Talvez, a partir dessa biografia eu comecei a sonhar com a Índia, e é na Índia que ela não tinha exatamente uma linha ancestral, mas uma linha de marte – isso ficou na minha cabeça.
Percorrendo meu mapa astral, fui mais a fundo em buscar a cidade dos meus avós no mapa mundi, quem sabe passa por ali, uma linha ancestral… De novo visitei o Japão, descobri a cidade deles e que exatamente ali, passa uma linha de marte ascendente (tal como a da Elizabeth na Índia).
Provavelmente você não entende nada de astrologia e falar marte e vênus, não quer dizer nada para você, mas em resumo explico – são opostos, como masculino e feminino.
Hoje Hanna me mandou mensagem, ela está no Japão! Em seguida me mandou vídeos, ela cantava lindamente junto a japoneses, música popular brasileira, muitos vídeos, com cores, arte, artistas, em ambientes coloridos, com bandeira do Brasil – os japoneses são fanáticos por bossa nova, sabemos disso.
Mas sabemos também que o Japão carrega uma cultura fria, nada calorosa, bem diferente do Brasil – o tal oposto, assim como marte e vênus.
Como turismóloga e apaixonada por viagens e nomadismo, já ouvi muitos relatos diversos sobre o Japão “um país difícil para viajar sozinho, eles são muito fechados e você quase não consegue interagir com os locais”, “um país duro, um povo sério, fechado”, “a estética é linda, mas é difícil compreender o local”, “o idioma acaba sendo uma grande barreira”, “é uma país depressivo”…
Meu pai também morou no Japão, alguns tios também, e me lembro bem dos meus tios voltando depois de talvez uma década no Japão, magros, com a feição triste e meus primos quase não interagiam ou falavam, tudo isso são recortes que me levam a talvez aconselhar Hanna – “só cuidado, talvez todas essas expectativas possam ser reprimidas por uma cultura que se apresenta muito diferente da nossa. E você pessoalmente vai estar com uma vênus no ascendente, o que significa dizer que você terá um magnetismo natural, mas compreendendo o Japão e sua cultura, talvez isso se traduza na arte – Hanna é fotógrafa – por isso pensei na tradução disso ser uma viagem de isolamento (por conta da cultura do país), mas de muita fotografia (a fotografia é representada pela vênus).
Enquanto trocava mensagens com Hanna, vídeos, áudios calorosos e cheio de emoções, meu marido me mandou o print da tela – que dizia “train ride in Gifu – Japan”. Bom, eu estava de novo no Japão.
Através de uma tela de computador, uma tela de celular… Eu estava visivelmente arrepiada, sentindo até meus neurônios se arrepiarem dentro da cabeça ouvindo Hanna dizer em meio a uma multidão e sons ao fundo “tô aqui no Japão e as pessoas têm sido atraídas para mim, ou parece que elas sempre estiveram me esperando… há uma sintonia inexplicável”, isso é uma vênus no
ascendente, eu sozinha pensava – jamais subestime a astrologia!
No áudio seguinte, emocionada e ainda em meio a multidão e com muitos ruídos ao fundo ela dizia, quase que gritando “você é norte, todos os dias, nas minhas decisões. Porque a gente fez o nosso mapa e a nossa pesquisa e você me guiou nas possibilidades” aqui eu me emocionei, porque queria de verdade que todas pessoas tivessem essa compreensão, que um mapa astral é também fruto de pesquisa da nossa vida, só assim a gente compreende os significadores da astrologia para nossa própria vida e tira esse caráter generalizado e preditivo.
O áudio seguiu “…ao invés de viajar mais, de ir para um lugar novo e de conhecer mais gente, eu escolhi ficar – porque eu te ouvi (eu não falei, o mapa dela apontou, eu só traduzi) – e ficando eu criei e conheci muita gente e estou amando, estou vivendo uma das coisas mais lindas da minha vida”
Aqui eu gostaria de me
despedir do Japão, com essa sensação da beleza de uma vênus, que troca, recebe, ama e encanta…
Um abraço caloroso das duas Hanna’s